A citação do titulo é de Nelson Rodrigues e talvez possa
caber ao segmento na reflexão sobre Padrões e Rotinas em nosso dia-a-dia de
trabalho.
Há anos, no Brasil, atravessamos por crise no segmento
Ferramentaria. Mas não é somente neste segmento, é geral!
A forma como enfrentamos a Crise faz a diferença. Estamos
acostumados a seguir padrões, maneiras testadas e consolidadas como certas e,
por comodismo, relutamos em mudar! Talvez este comodismo possa ser a real
Crise!
Por que algumas empresas parecem não sofrer, ou melhor,
sobressaem na Crise?
Sempre se escuta falar que tais e tais empresas estão
lotadas de serviços e o pior: seus clientes pagam o preço "impostos"
por elas!
Visitando e conhecendo qualquer empresa nesta condição com
um olhar critico e investigador, fica fácil perceber que elas têm todos os
recursos necessários para o atendimento ao cliente:
- Departamento de Projeto amplo e com softwares de ponta.
- Muitos equipamentos, variados, atualizados e que atendem as
complexidades exigidas pelo mercado.
Ou seja, são um numero pequeno de empresas diferenciadas que
atuam em outro patamar de mercado.
Certa vez, em meados da década de 90, a trabalho,
acompanhava alguns moldes sendo feitos em Caxias do Sul, polo ferramenteiro à
época e, estando por lá, aproveitava para visitar outras ferramentarias. Todas
eram semelhantes, muito iguais: departamento de projeto com 02 ou 04
pranchetas, fresas convencionais, ferramenteiras, tornos, algumas eletroerosão,
(tecnologia naquela época), e várias bancadas de ajuste. Mas também ouvia-se
falar de uma empresa que começará investir em uma grande quantidade de estações
de trabalho CAD e CAM e maquinas CNC.
O comentário sobre esta empresa era: são loucos, o preço
hora deles será caro e ninguém pagará por isso! É uma extravagância!
Algo mudou com o passar dos anos e o foco virou-se para
Joinville em Santa Catarina que surgiu como um novo polo fornecedor de
ferramental. Em 2006 passei pela região, conhecendo. O que mudou no processo
"comparativamente" com Caxias? Nada!
A maioria, agora, tinha maquinas CNC, mandrilhadoras, fresas
e muitos centro de usinagem e, algumas fresadoras portais, começavam a chegar.
Poucas permaneciam com departamento de Projeto interno, com a maioria
utilizando de projeto de terceiros. As que sobressaiam eram por que ariscavam
na construção de moldes de maior porte ou tinham um processo mais enxuto com
maquinas já de ponta voltada para segmento especifico. São Paulo no geral e
Bragança Paulista, outro polo no estado de São Paulo, seguiam o mesmo caminho.
Nesta época já se ouvia falar em Centro de Usinagem
"high Speed", Maquinas de usinagem de 5 Eixos e eletroerosão CNC com
magazine para eletrodos. Quando eu questionava sobre a utilização de tais
equipamentos, ouvia dos gestores: "muito caro, também não temos mão de
obra qualificada para isso e nosso cliente não pagará pelo ferramental um preço
para justificar isso!" Em coro, como se todos fossem doutrinados a dizer
as mesmas frases de mentalidade fixa e passiva!
Achava que naquela época quem mais ganhava com isso eram
vendedores de Maquinas CNC e distribuidores de ferramentas de corte que
pulverizavam os mesmos equipamentos pela região. Era impressionante ver que na
maioria das empresas as cores e porte dos equipamentos mudavam igualmente pelo
período de aquisição: comprados 5 anos antes, um tipo e fabricante, mais
recente, outro amontoado da mesma cor justificava outro fabricante e tipo de
novo equipamento!
A Crise já estava sendo instalada naquele momento!
Longe daqui, naquele momento, a China começava a inundar o
mundo com preços muito abaixo do normal e se fortalecia através da curiosidade
dos ocidentais, oferecendo ao mundo a oportunidade de viagens e conhecimento de
uma cultura diferente.
Na feira Euromold - Frankfurt em 2006 quando chegamos no
primeiro dia de feria, chegaram dois ônibus carregados de chineses, eles
estavam por todo lado com seus estandes minúsculos, sua marmitinha e sorrindo
para tudo e para todos.
Um importante comprador de molde no Brasil, um ano antes,
criticará os moldes feitos na China em um evento em São Paulo, dizendo que a
empresa que ele trabalhava "nunca compraria moldes da China", mas
encontramos com ele na área reservada as ferramentarias chinesas. Nem ele
escapou!
A crise econômica mundial que desde 2008 nos encurrala,
mudou a dinâmica de desenvolvimento de ferramental no Brasil. Se a China era um
temido concorrente do outro lado do mundo, hoje não há mais como competir. Com
o passar do tempo a curiosidade e fantasias sobre a China virou realidade e a
maioria dos serviços de médio e grande porte são direcionados para lá.
Agora, nosso maior concorrente é o vizinho do outro lado do
muro!
E, como concorrer com o vizinho se somos - praticamente -
iguais?
Justamente esta igualdade deve motivar a sua empresa ou a
voce encontrar uma maneira de atender as necessidades do mercado de maneira
diferente. Lembra-se daquela ferramentaria citada no começo do artigo,
diferente das demais? Creio que ela deva ser hoje, uma das melhores do Brasil!
Insanidade é continuar fazendo sempre as mesmas coisas e
querer resultados diferentes. - Albert Einstein
Hoje está bem mais difícil, principalmente, devido a
restrição ao crédito para investimentos. Mas, com vontade e criatividade, talvez
haja como se diferenciar.
Neste artigo não quero me concentrar em Gestão, mas sim em
aspectos de controle que podem lhe ajudar a buscar diferenciação e
principalmente, criação de Valor.
Criar valor para o Cliente passa por lançar um olhar
diferenciado para seu Processo.
O CLIENTE é o motivo da existência de sua empresa. São eles
quem transfere o dinheiro da conta deles para sua depois da execução e
aprovação do acordado no orçamento. Podendo ser uma venda ou prestação de
serviço.
No artigo abaixo trato da "diferenciação" através
da entrega de VALOR. Talvez seja interessante uma olhada entes de continuar.
Valor = Força reativa interna x Dificuldade Externa do
Cliente.
A Dificuldade do Cliente é a oportunidade oferecida.
A força reativa da ferramentaria esta baseada em Capacidade
Estrutural e Capacidade Humana em anular a dificuldade.
Valor não é criado em empresas padrões, estáticas com
estrutura e fórmula replicada do mercado. Valor é criado e entregue através de
empresas como Organismos Vivos, intensos na interação com o mercado e
principalmente com o Cliente, seja ele interno ou externo.
Entregar Valor passa por entender as necessidades e
carências do mercado e cliente no momento.
Com a China e outros mercados atendendo necessidades de
preço é necessário atender as carências de nosso mercado: Aqui vai uma sugestão
para nosso atendimento ao mercado:
Prazo e Flexibilidade.
Talvez, durante o desenvolvimento de novos produtos,
clientes em potencial tenham dificuldade para tratar com o outro lado do
planeta e ter suas necessidades de adaptação e desenvolvimento atendidas, não?
Atende-los com prazo, preço e relacionamento intenso talvez possa ser Valor!
Algumas dinâmicas para criação de Valor.
O setor é vital no relacionamento com a engenharia do
cliente!
Como se pode criar Valor?
Este setor deve ser o departamento "pensante", o
catalizador de ideias da organização, portanto, daqui deveriam surgir inovações
de "valorização" junto ao cliente e aos processos internos. Além do
projeto do ferramental deveria sair também, projeto de eletrodos, dispositivos
e equipamentos. Deveria coordenar reuniões de interação com demais
departamentos tendo como objetivo principal: Consolidar todas as informações de
processos internos e externos para execução defendendo interesses e
necessidades do cliente.
Como é controlado o resultado deste setor: Qual indicador?
Dias Orçados x Dias Gastos; Erros x Dias de atraso; Erros x Despesas, ou
Nenhum?
- Que tal criar uma Taxa de Inovação Fora: sugestão de
melhorias para o cliente x melhorias aceitas? Ou mesmo, uma Taxa de Inovação
Dentro: sugestão de novos processos x melhorias de tempo ou custo no projeto?
- Que tal Impor um tempo para Inovação: "Inovation Time
80/20". Que tal 20% do tempo criando inovação livremente, sem vinculo com
projetos em andamento? Creio que os 80% ainda serão suficientes para o trabalho
habitual => 6 horas produzindo e 2 horas Inovando algo. Ao final do mês
teríamos 40 horas de Inovação voltadas a criar valor para o cliente (fora) ou
para a empresa (dentro). Que tal um comitê para avaliar as inovações?
- Que tal criar uma taxa de Utilização de Software: Novos
recursos utilizados x recursos de software atual. É sabido que somos
acomodados. Uma vez aprendido e atendido, tendemos a não criar mais! E,
software de CAD e CAM são caros para não serem explorados. Pior ainda, se sua
empresa paga taxa mensal de manutenção, tem uma galera especialista no software
esperando por consulta, lá no fornecedor durante este período. Parece que os
projetistas têm "vergonha" de consulta-los. (como se o fornecedor fosse
dizer: são burros!) Um desperdício, não é? Aqui no Brasil os profissionais
destes fornecedores são cobrados pela matriz de possíveis novas características
desenvolvidas para o mercado local e alegam que não são muito consultados.
Então, há muito pouco a desenvolver.
Eu já ouvir dizer que ter Departamento de projeto dentro de
uma ferramentaria é caro! Sim é caro se este departamento ficar só operando
software de CAD conforme padrões, utilizando os "templates" e
"features" tradicionais como robôs de articulações enferrujadas, sem
motivação. Dê Vida para esta galera! Faça-os contribuírem para o Valor com
inovações e será um departamento justo e necessário!
PROGRAMAÇÃO CNC
Bom... Começo com a visão de uma sala à parte, silenciosa e
climatizada! Vejo pessoas entrando e saindo com desenhos, ferramentas e peças
na mão. Alguns com ar de preocupação, outros com ar de deboche, (outra vez), e
por fim, outros balançando os braços e corpo, exalando: como é? Já modificou?
Alterar esta dinâmica passa por colocar todos no mesmo
ambiente, misturados! Os melhores resultados são conseguidos primeiramente,
quando o programador passa pela operação, como auxiliar, depois operador e
segundo, quando programador é o operador!
Estes "brinquedinhos" são tão caros que deveriam
ser pilotados pelo "Dono".
Mas teimamos em fragmentar processos, dividindo e diluindo
as responsabilidades: Um crime!
Certa vez, depois de muitos anos, fui à ferramentaria de um
amigo e durante meu passeio pela operação, a cada passo dado, um arrepio:
Centro de usinagem 5 eixos operado como fresadora CNC, isto mesmo! Uma área que
englobava as CNCs havia cinco ou seis maquinas e em frente a uma delas uma
bancada apoiava uma peça a ser usinada. Em sua volta três operadores olhando
como se não soubessem o que fazer... Perguntei ao amigo e sua resposta foi:
estão esperando a retifica "desocupar" para retificar as laterais!
Comentei que parecia que as peças seriam encaixadas num Porta Macho, (placa P2)
e pelo tamanho, este alojamento deveria ter sido ou seria usinado também numa
CNC. Vi que, pela altura do encaixe, os postiços poderiam facilmente ser
usinados também no excelente centro de usinagem que estava parado, aguardando o
termino do serviço da retifica que, pasmem: demoraria ainda mais umas duas horas!
Indaguei o amigo sobre a possibilidade da usinagem ele
respondeu que não havia tempo na Programação: estavam ocupados!
Fomos até lá. Havia três estações, dois programadores e um
aprendiz, (responsável por eletrodos, perfeito!), e todos sentados numa sala
ampla, fechada, silenciosa e sem visão para fabrica e programando o futuro: e o
presente pegando fogo!
Meu amigo, infelizmente fechou, (ou fecharam) esta fabrica
logo depois!
Programação e Usinagem CNC deve ser uma coisa única, não
dividida. Não caia nesta tentação! Vida! Coloque vida nestes dois setores, crie
um organismo só!
Meu coração acelera e fico todo arrepiado quando a vibração
e os ruídos vindos da CNC aumentam drasticamente. Saio correndo atropelando
tudo e todos para checar e ver o ocorrido. O estresse vai à tampa! Será que
ocorre o mesmo com a galera da Sala dos "Experts", com é conhecida a
programação de CAM?
Uma das melhores empresas que conheci, com excelentes
maquinas, processos em sintonia e de alta produtividade, dava-se ao luxo de
além das estações de programação em sala à parte, ter uma estação de
programação em cada maquina e permitiam que os operadores fizessem as
alterações necessárias para corrigir e melhorar a operação: perfeito! Mas é
caro e continua dividindo as responsabilidades.
Dinâmica do setor PROGRAMAÇÃO/USINAGEM CNC
Quais indicadores de produtividade são utilizados na
Programação: programas x hora, ou ordem de serviço x mês ou horas orçadas x
realizadas?
O controle é feito por um software de ERP, do tipo: alguém
lança os dados (PCP) calculando o OEE? (eficiência geral do equipamento)?
Quem controla o consumo de insumos e investimentos
(pastilhas, broca, fresas ou suporte e porta inserto)? Qual índice é usado para
avaliar o desempenho?
Se voce usa tudo o listado acima, usa realmente como um
direcionador de lucratividade ou acerto para possíveis correções? A resposta
quase sempre é: não!
Que tal simplificar?
Creio que voce compra aço por quilo (kg) e vende os cavacos
por quilo também, certo?
Quanto em porcentagem o valor do aço representa no custo
total do ferramental? não considere acessórios e equipamentos. (bomba e
atuadores hidráulicos, câmara quente e componentes). É alto não? Talvez aqui se
tenha uma relação direta com Valor.
Compramos normalmente um bloco de aço e removemos o excesso
para formatar as matrizes e postiços. Voce controla a taxa de remoção? Como é
feito?
Cada tipo de ferramenta e pastilha tem uma taxa de remoção
admissível. Eu acredito que esta taxa é de suma importância, se não a mais
importante para monitorar o desempenho do setor.
Em algumas Indústrias é removido de 30 a 60% do material
para formação final do postiço. A cada 1000 kg, 300 a 600 kg que vão para a
"sucata". Apesar de o cliente pagar, merece um controle, não? Caso
voce consiga vender a sucata por 3% do valor, quanto de pastilha voce consegue
comprar no mês?
Vamos falar em desempenho: Remoção, Tempo e Gastos. Talvez
voce possa controlar o desempenho deste setor "coletando estes dados"
e monitorando comparativamente: Nada de fórmulas complexas de engenharia de
usinagem...
Quanto está custando cada kg de cavaco removido?
$ x kg = Custo hora / Remoção hora
Onde:
- Custo: quanto de pastilha e fresa de metal duro foram
utilizados no período.
- Remoção: o quanto voce usinou em Kg no período.
Exemplo: Na matriz "A" foram removidos 300 kg
durante 8 horas com um gasto de R$2000,00.
R$/kg = ($2000/8h) / (300 kg/8h) => 250/37,50 = $6,67/kg
Caso voce e mantenha o gasto, mas aumente a remoção em 15%?
R$/kg = (2000/8) / (345/8) => 250/43,12 = $5,80/kg
Resultado Eureka! 5,80 => 13% de ganho Eureka!
Este numero "Eureka" pode ser um índice para sua
galera de CNC controlar o desempenho! Aqui vai uma dica! Não caia na tentação
de "impor" como seu controle! Indique como sugestão a fórmula e
numero Eureka para eles próprios fazerem e monitorarem durante um tempo,
apresentando os resultados. Será muito bom e prazeroso para eles poder trocar
ideias e implementar ações para melhoria nos processos! Vida!
Eureka - Há três variáveis importantes para trabalhar em
processos: Gasto, Tempo e Remoção.
Outra dica importante: Não caia na tentação de deixar o
"controle" de compras de insumos da CNC com Compras (dono, irmão,
primo, cunhado, esposa ou esposo). Nestes itens a qualidade e desempenho são
importantes. O tal do "custo x beneficio", portanto, compartilhe seu
numero Eureka com os vendedores e force eles melhorar este índice junto com sua
equipe: Imponha uma concorrência leal entre fornecedores no quesito remoção e
hora: quem ajudar a melhorar o indicie fica com uma fatia maior do bolo
"consumo".
Ultima dica; cuidado com o micro gerenciamento, voce como
gestor coletando dados e calculando tudo e passando informação deixe isso para
quem executa. Faça isso macro. Veja quanto aço entrou na empresa, quanto gastou
com ferramentas e quanto vendeu de cavaco.
Percebam que maquina parada, set-up e falta de programação,
tudo interfere no numero Eureka caso voce inclua Disponibilidade! Fica a dica!
MONTAGEM
Aqui os "DINOSSAUROS" naturalmente caminham para
extinção e começa a surgir um novo perfil de ferramenteiro. Antes de seguir
leia no link abaixo minha homenagem a este Monstro Sagrado da mecânica!
A Montagem já foi um setor dominado pelo alto emprego de Mão
de Obra especializada: Artesões!
Atualmente equipamentos e softwares avançam em velocidades
impressionantes e quando bem utilizados, possibilitam peças, e componentes de
perfeito encaixe e ajuste facilitando a montagem do "Quebra-Cabeça"
definido lá atrás em conjunto com o cliente. Não perceber isso é estar exposta
- como empresa - a extinção.
Adicionar descrição
O profissional que chega a este departamento não precisa de
tanto conhecimento técnico conceitual e nem de muita pratica. Acessórios e
itens técnicos como Câmara Quente, cilindros, robôs, etc., têm o suporte e a
garantia de fornecedor e, quem chega, com determinação pode - com o apoio do
fornecedor - montar um novo item.
Agora, a grande responsabilidade esta com o pessoal lá
começo: no desenvolvimento do projeto. No passado os ferramenteiros, além de
ajustar, eram reconhecidos por consertar os serviços executados anteriormente,
- verdadeiros "filtros" no funil de processos - , gastando o dobro do
tempo gasto em usinagem para o ajuste e fechamento do ferramental. O mercado
não aceita, (compra), mais isto!
Três itens considero fundamentais para simplificação do
serviço e precisam de atenção:
- Ferramentas Tecnológicas: CAD CAM e CAE. Use como se não
houvesse o amanhã! Ferramenteiro aprenda como funciona. Sua contribuição aqui é
importante, se envolva, de palpite e transmita experiência caso voce seja um
Dinossauro! Incentive e faça com que o ferramenteiro utilize 20% do seu tempo,
(Inovation Time do projeto, lembra?), conhecendo e debatendo estas tecnologias
com a galera!
- Banco de Dados: (nem que seja em planilha Excel) Em cada
Centro de Custo; Setor; Núcleo de Fabricação; Centro de Atividades, colete
dados: quantidade de peças, quilos usinados, ferramentas consumidas, tempo de
montagem. Faça relações entre tamanho, peso, prazo de execução, complexidade e
preço cobrado do cliente.
- Conhecimento Tácito: (experiência pratica) Não jogue o
conhecimento adquirido com anos de pratica, fora. Incentive aos mais jovens a
solicitar ajuda e aos velhinhos a compartilhar experiências, Aproxime e “misture”
estes dois grupos etários: é muito importante!
Dinâmica do setor Montagem
Observar este setor é como estar em um Ateliê com artesões
compenetrados e com suas maravilhosas ferramentas esculpindo o aço pintado de
azul para compor sua obra prima. Uma brilhante e inspiradora imagem do século
passado!
Este setor é o que mais precisa de transformação, seja pelo
fato da tecnologia ou pela aposentadoria dos Monstros Sagrados nos próximos
anos. Há, na montagem, três fases que considero criticas:
- Preparação
- Montagem
- Intercambio
Preparação é uma oportunidade impar de inserir novos
profissionais no setor, pois nesta etapa, pode-se orientar e treinar aprendizes
para montagem através de medições para verificação, checagem e abertura de
roscas, separação de acessórios e pré-montagem de porta molde, componentes e
acessórios, sem a pressão da entrega. Crie indicadores!
Montagem é a consolidação de toda energia dispendida na
confecção. A finalização com pequenos ajustes.
Intercambio é hoje para Ferramenteiros a principal
atividade, pois é o exercício de contribuir no projeto e acompanhar a execução
- como parceiro - em todas as etapas de confecção contribuindo para que ao
final não seja necessário ajustes não programados, (desperdícios).
Controlar a produtividade deste setor talvez seja complicado
e improvável por ser a saída do funil, mas sugiro o controle do desperdício:
Horas trabalhas após entrega x Programado. Visita ao cliente x Programado ou
Quantidade de Testes x Programados.
Em certa Empresa eram comuns 6 a 8 testes de moldes. A
dinâmica era: ferramenteiro sem se importar com o molde novo e esperando as
peças do molde em testes, (try-out), voltar das injetoras marcadas de vermelho
com alguém dizendo o que deveria ser feito. Visto de longe, era como um
funeral: uma rodinha com todos de cabeça baixa balançado da direita para
esquerda e vice-versa.
A mudança ocorreu dando a importância as fases como citado
acima e os ferramenteiros e equipe de preparação participando efetivamente em
todos os processos com reuniões semanais ou quinzenais, dependendo do
desenrolar do serviço.
O índice era: aprovação do ferramental em Três Testes:
Primeiro para funcional do produto e molde, segundo para acabamento e gravações
e terceiro para liberação de produção do lote piloto.
Havia Vida nas discussões, às vezes, acaloradas sobre o
serviço. Os ferramenteiros tinham prazer e tempo para acompanhar os testes na
injetora e entender as necessidades dos técnicos de processos e da empresa. Em
contrapartida desta participação, via os mesmos técnicos de processo
acompanhando no setor de ferramentaria a confecção e montagem dos moldes novos.
Um dia, por curiosidade, perguntei: voce esta entendendo
como é feita a montagem? Gostou? Como resposta, recebi: Sim, gostei muito, mas
o que eu estou vendo aqui é o tipo de molde que irei receber para testar. Antecipando-me
para estar preparado para a Criança! O técnico de processo não fazia parte do
setor, mas contribuía certamente como parceiro para o resultado.
Tem coisa melhor que ouvir isto vindo de alguém de outro
setor!
Enfim,
Toda UNANIMIDADE é Burra? - Em Ferramentaria talvez não, mas
limitante, certamente, isto é!
Uma Ferramentaria, seja ela como Setor ou como Empresa
prestadora de serviço, tem uma dinâmica especial em sua rotina por ser
fabricante sob encomenda: cada serviço tem necessidades especifica e é
conduzido de maneira própria. Apesar de não gostar de padrões e sistemáticas,
pois Robotizam os trabalhadores, (quem me acompanha já deve ter percebido). Em
ferramentaria também há serviços padrões e é preciso identifica-los e trata-los
como tal, pois estes padrões e sistemas liberam os "contribuidores"
de tarefas rotineiras para utilizar este tempo, energia e mente a favor de
criar Valor a ser entregue ao Cliente.
Unanimidade é ter na mente só a imagem: maquinários, e aços
espalhados por todos os lados com gente se movimentando de um lado para o outro,
envolvidos por sons estridentes e batidas de latão no aço, indicando que algum molde esta sendo ajustado.
Não unânime, talvez seja, ter a consciência que a essência
disto tudo é o humano com seu discernimento e inteligência.
Não unânime, é ter a consciência que participação de Gente
com o trabalho em equipe e objetivo na busca de atingir um só propósito, é quem
criará Valor, tanto para empresa como para cliente.
Não unânime talvez seja, como equipe, receber e tratar o
Cliente de modo diferente como: reunir os integrantes da equipe responsável
pelo serviço e discutir com os clientes suas necessidades e carências. Discutir
com o cliente o entendimento do CEF (Cadernos de Encargos de Fabricação) e
sugerir, quando for o caso, adaptações para beneficio mútuo!
Hoje em dia, talvez, não unânime seja explorar a fonte
ilimitada de criatividade do humano e seu desejo de participar de algo
importante e inovador! Crie um Propósito Apaixonante!
Não unânime é poder criar um ambiente onde a contribuição
para inovação e resultados seja algo natural e prazeroso. Que tal utilizar o
valor da venda do cavaco para o beneficio da equipe: equipando uma sala de
lazer, patrocinando um churrasco ao final do mês ou sortear uma viagem de
descanso ao funcionário do mês com a família, eleito pela equipe?
Ainda, hoje em dia, não unânime seja: a união com os
concorrentes do outro lado do muro para buscar alternativas para o segmento junto
ao poder publico através de associação e nomeação e um representante legal.
Fortaleça o Segmento!
Não houve como abranger todos os aspectos de uma
ferramentaria aqui. Tentei os mais importantes e espero ter feito voce
refletir!
Obrigado por ter chegado até aqui e aceito criticas e
sugestões! Serei grato se voce compartilhar com sua rede de interesses!
Adicionar descrição
Sou profissional do segmento metal-mecânico e plástico, há
mais de 35 anos contaminado com o vírus da transformação e gestão operacional.
Com passagem por empresas importantes no segmento de transformação vivenciei os
dois lados: Fornecedor e Consumidor. Acredito na retomada do segmento
Ferramentaria e continuo lutando na criação de ambientes que possibilitem
resultados diferenciados através de pessoas engajas e motivadas a contribuir
com seu potencial para inovação: Mente de Obra.